Sinto um vazio, de ser
Que me vale muito
Com certeza me fere
Na parte pulsante do corpo
O que será, é amor ou inveja
O amor é irmão , generoso
Dá vida e reproduz
Sentimento de sentir
Sem pedir nada em troca
Mas cobra de quem ama
Preço alto à pagar
Inveja é feia
Inveja é egoísta
Inveja é triste
Pois quer ter
O que não tem
Adeus inveja
E nasce um novo ser.
quarta-feira, 5 de agosto de 2015
ABISMO - FERNANDO PESSOA
Olho o tejo, e de tal arte
Que me esquece olhar olhando.
E súbito isto me bate
De encontro ao devaneando-
O que é sério, e correr?
O que é está-lo eu a ver?
Sinto de repente pouco,
Vácuo, o momento, o lugar.
Tudo de repente é oco-
Mesmo o meu estar a pensar.
Tudo - eu e o mundo em redor-
Fica mais que exterior.
Perde tudo o ser, ficar,
E do pensar se me some.
Fico sem poder ligar
Ser, idéia, alma de nome
A mim, à terra e aos céus...
E súbito encontro Deus.
Que me esquece olhar olhando.
E súbito isto me bate
De encontro ao devaneando-
O que é sério, e correr?
O que é está-lo eu a ver?
Sinto de repente pouco,
Vácuo, o momento, o lugar.
Tudo de repente é oco-
Mesmo o meu estar a pensar.
Tudo - eu e o mundo em redor-
Fica mais que exterior.
Perde tudo o ser, ficar,
E do pensar se me some.
Fico sem poder ligar
Ser, idéia, alma de nome
A mim, à terra e aos céus...
E súbito encontro Deus.
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Emergência para a vida! Silvana Sciortino
Chega a noite de muitas promessas
E teu mundo se modifica
pois o filho quer teu sono
E é chegada a hora
De mostrar a que veio.
Minha sorte, está lançada
Pegada por um anjo
Que me guia pelo caminho
E para onde devo estar
Minha vida é vivida
de agradecimentos
e de clamor por proteção
ao anjo da luz que me ilumina
Desci do salto da proteção
e me entreguei a vida
como todo mundo!
ABDICAÇÃO - FERNANDO PESSOA
Toma-me. ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho. Eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mãos viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixe-as pela fria escadaria.
Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.
E chama-me teu filho. Eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mãos viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixe-as pela fria escadaria.
Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.
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