sábado, 28 de março de 2020

Alcova - Fernando Pessoa

Andei léguas de sombra
Dentro em meu pensamento.
Floresceu às avessas
meu ócio com sem-nexo.
E apagaram-se as lâmpadas
Na alcova cambaleante.

Tudo prestes se volve
Um deserto macio
 Visto pelo meu tato
Dos veludos da alcova,
Não pela minha vista.
Há um oásis no Incerto
E, como uma suspeita

Poesia para Biliie Elish- ANA SOL

Através da música sinto tudo
Amor pela vida
Amor por amor
Amor por existir
Amor simple amor

Quando ela canta me transporta
para existências outroras
Em que eu achava que era feliz
Só para sentir  saudade

I love you eu canto junto com ela
mestre da voz e da instrospecção
Jovem na voz e na aparência
mas experiente na interpretação
sou Billie Elish

Coronavírus - Poesia ANA SOL

Amigo ou inimigo
Coronavirus é ele
nos prendeu uns a
aos outros, e aos meus


Na sua simpicidade
não deram valor
e ele veio a
todo vapor

Nos prendeu aos amores
que a vida nos presenteou
Amarrou a convivência
Na marra por vida

Queremos viver! amigo
queremos viver! inimigo
Queremos viver!em harmonia
Te aceitamos para o resto da vida.

domingo, 22 de março de 2020

Poesia - Mario Quintana

Do bem e do mal
Todos tem seu encanto: os santos e os corruptos.
Não há coisa na vida inteiramente má.
Tu dizes que a verdade produz frutos...
Já viste as flores que a mentira dá?
- Mário Quintana

sexta-feira, 20 de março de 2020

Fernando Pessoa - A alcova

 Desce não se por onde
Até não me enontrar.
Ascende um leve fumo
Das minhas sensações.
Deixo de me incluir
Dentro de mim. Não há
Cá-dentro nem lá-fora.
 
E o deserto está agora
Virado para baixo.

A noção de mover-me
Esqueceu-se do meu nome.
Na alma meu corpo pesa-me.
Sinto-me um reposteiro
Pendurado na sala
Onde jaz alguém morto.

 Qualquer coisa caiu
E tiniu no infinito.

Ana Sol - Prisão do corpo.

Estou fora de mim
mas dentro da vida
perdida na prisão
do corpo mas livrre
para voar pelo pensamento.

Não é saudável viver assim
mas necessário para continuar
a vida, que é tão bonita
e finita e no momento certo
livra o corpo da prisão.

Fernando Pessoas - Esta espécie de Loucura

Esta espécie de loucura
Que é pouco chamar talento
E que brilha em mim, na escura
Confusão do pensamento,

Não me traz felicidade;
Porque, enfim, sempre haverá
Sol ou sombra na cidade.
 Mas em mim não sei o que há.

sexta-feira, 13 de março de 2020

VIRADOURO CAMPEÃ DO CARNAVAL DE 2020

Viradouro De Alma Lavada
Zé Paulo, Viradouro
Prepare o seu coração
Que lá vem a escola da emoção
Lá vem a Unidos do Viladouro
Ó, mãe ensaboa, mãe
Ensaboa pra depois quarar
Ó, mãe ensaboa, mãe
Ensaboa pra depois quarar
Ora Yê Yê Oxum, seu dourado tem axé
Faz o seu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma dessa gente veste ouro
É Viradouro, é Viradouro
Ora Yê Yê Oxum, seu dourado tem axé
Faz o seu quilombo no Abaeté
Quem lava a alma dessa gente veste ouro
É Viradouro, é Viradouro
Levanta, preta, que o Sol 'tá na janela
Leva a gamela pro xaréu do pescador
A alforria se conquista com o ganho
E o balaio é do tamanho do suor do seu amor
Mainha, esses velhos areais
Onde nossas ancestrais
Acordavam as manhãs pra luta
Sentem cheiro de angelim
E a doçura do quindim
Da bica de Itapuã
Camará ganhou a cidade
O erê herdou
Fonte: LyricFind









Sob o título Viradouro de Alma Lavada, a escola decidiu levar para a avenida a história das Ganhadeiras de Itapuã, um grupo de Salvador que desde 2004 se esforça para resgatar e divulgar a cultura das mulheres que ganham a vida nas margens da Lagoa de Abaeté e na praia de Itapuã

VIRADOURO DE ALMA LAVADA 
     SOU MARIA… DE PAIXÃO VERMELHA, CÉU DE NUVENS BRANCAS DOS SANTOS ANJOS… DE XINDÓ, A ALMA CAFUZA, DO PAI PESCADOR E MÃE LAVADEIRA. ALMA QUE SE UNE ÀS ESCRAVAS, CABOCLAS E CRIOULAS NUMA REDE DE SENTIMENTOS QUE EMANAM O MESMO IDEAL: A LUTA PELA ALFORRIA DO POVO NEGRO. TRAGO A MEMÓRIA ANCESTRAL DE OUTRAS MARIAS DA MINHA PEQUENA ITAPUÃ. A ITAPUÃ DO MAR ABERTO, LEITO PARA A MÍSTICA DOÇURA DO ABAETÉ. 
     A AURORA DO DIA REFLETE O OURO NAS ÁGUAS ESCURAS DA LAGOA, ÁGUAS CIRCUNDADAS POR DUNAS DE FINAS AREIAS BRANCAS. NO ALVO VÉU DA NOIVA, A COMUNHÃO DAS LAVADEIRAS QUE OUVEM CÂNTICOS LENDÁRIOS QUE VÊM À TONA DAS PROFUNDEZAS. À SOMBRA DO ANGELIM, AS SACERDOTISAS DO SOL ENSAIAM CANTORIAS ADOCICADAS POR CACHUNDÉS E GUAJIRÚS. VARAIS DE RESISTÊNCIA CRUZAM AS RESTINGAS NO QUARAR DAS IMPUREZAS DE SEUS SENHORES.
     NO MAR, A SIMPLICIDADE NO GANHO DE OUTRAS HEROÍNAS. JANGADAS E SAVEIRINHOS REPLETOS DE FEITORIAS POR SEREIA-RAINHA QUE OFERTA O QUINHÃO (XARÉU, ROBALO, GUARICEMA E PEIXE-GALO). O MAREAR DAS ONDAS PRELUDIA O BALÉ DAS REDES AO COMPASSO FEMININO DAS PUXADAS. CANTOS BRAVIOS QUE AMENIZAM O PESO DE CONTÍNUOS CAMINHOS TRAÇADOS. AREAIS TESTEMUNHOS DE GRANDES LIÇÕES DE VIDA QUE, CALADAS, ALCANÇARAM O PECÚLIO FAMILIAR.
     TERREIROS DA BAIXA DO DENDÊ REVELAM O PREPARO DO GANHO. NAS MALHADAS, A SECURA DOS PESCADOS, A COLHEITA DO PLANTIO, O PREPARO DO QUITUTE E O MANEJO DAS ARTESÃS. A BICA DE ITAPUÃ FOI O PRINCIPAL PONTO DE ENCONTRO DO BANDO DAS GANHADEIRAS. ÓPERA NEGRA DO MERCADEJO: DOS BANHOS SEM PUDOR, DOS NEGROS CAMARÁS E DA COMUNHÃO DAS ESCRAVAS EM TORNO DA COMPRA DE SUAS ALFORRIAS. 

“E QUE TODA MARIA PASSE NA FRENTE!”.
     E LÁ VAI MARIA… E LÁ VÃO AS MARIAS… DE SAIAS FLORAIS, BLUSAS DE CRIVO, COLARES DE CONTAS E ERÊS NOS PANOS DE DORSO. APOIADAS EM TORSOS, SEGUE A PROCISSÃO DE BALAIOS, BANDEJAS E GAMELAS EM RITUAL DE LONGAS TRAJETÓRIAS. MARÉ BAIXA QUE REVELA NO LITORAL MARGEANTE MILHARES DE PASSOS A CAMINHO DE SÃO SALVADOR – O PORTO DAS FREGUESIAS. AGUADEIRAS REFRESCAM A SEDE DOS BECOS PERFUMADOS DE DENDÊ. LARGOS GANHAM O COLORIDO DAS BARRACAS MERCANTES DE FRUTAS. VENTO QUE ORQUESTRA A SINFONIA DOS BALANGANDÃS DAS CAIXOTEIRAS. FOGARÉUS ACESOS E VOZES REGADAS A GOLES DE CACHAÇA NO FUÁ DA ESTRIDENTE MERCAÇÃO.
     À BEIRA-MAR, UM FAROL VERMELHO E BRANCO DE LUZ POENTE ILUMINA O LIVRE CAMINHAR. DE PÉS CANSADOS, AGORA CALÇADOS. PUNHOS CERRADOS, ENFEITADOS COM JOIAS DE CRIOULA. MULHERES QUE NÃO SE CURVARAM E HOJE CANTAM A SUA LIBERDADE. SAIAS DE RODA PARA SAMBAR; SAMBA DE AREIA PARA CIRANDAR. NAS CHEGANÇAS, A NEGRA DANÇA AO SOM MALÊ. ATABAQUES QUE UNEM ORUN – AYÊ. PEDRA QUE RONCA AO VENTO QUE BALANÇA. MERGULHO PROFUNDO DE PEITO ABERTO NO SAMBA DE MAR ABERTO.
     ÁGUAS QUE PURIFICAM A LAVAGEM DAS ESCADARIAS DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO – NOSSA DEVOÇÃO! MÃE DA MÃE QUE DESATA TODOS OS NÓS. FÉ QUE EMANA ROMARIAS AO MAR: ESCADARIAS, PÉTALAS EM FLOR E O CHEIRO DA AROEIRA. IRMANDADES REMONTAM A FESTEJOS PASSADOS NA FESTA DA BALEIA. O SAGRADO ABRAÇA A MATRIZ SOB O VÉU QUE DESCORTINA A IGUALDADE.
“TODA MULHER BRASILEIRA EM SUA ESSÊNCIA É GANHADEIRA!”.
     O BRASIL DE HOJE REVELA A VOZ DE OUTRAS MULHERES QUE, EM CONSONÂNCIA, RITMAM O TRABALHO E O SUSTENTO DE SUAS VIDAS. ELAS SÃO DE VERDADE! SOU UM POUCO DE MIM, EM UMA FALANGE DE NÓS. PERTENÇO À QUINTA GERAÇÃO DAS GANHADEIRAS HISTÓRICAS QUE REMETEM À SAGA DE NOSSAS AVÓS, DE NOSSAS MÃES E DE OUTRAS MARIAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA A FORTIFICAÇÃO DO POVO BRASILEIRO. HISTÓRIAS QUE SE CRUZAM À BEIRA DA BAÍA E REFLETEM NO ESPELHO D’ÁGUA O FUTURO, SEM SE ESQUECER DA LUTA DE UM PASSADO RECENTE. DE MÃOS DADAS, GANZÁS EMBALAM CHOCALHOS, ATABAQUES VERSAM CAIXAS, PANDEIROS CADENCIAM O CHORO DAS CUÍCAS. LÁGRIMAS QUE SE REVIGORAM NO SAGRADO ALTAR DO SAMBA SOB AS BÊNÇÃOS DE XANGÔ E SÃO JOÃO BATISTA – PROTETORES DA MINHA VIRADOURO. VIRADOURO QUE, DE ALMA LAVADA, ABRAÇA AS GANHADEIRAS DE ITAPUÃ, ESPELHO DA MULHER BRASILEIRA.
     DONAS DO MEU CARNAVAL!
     MARIA DA PAIXÃO DOS SANTOS ANJOS OU MARIA DE XINDÓ.
(LAVADEIRA E UMA DAS MATRIARCAS DO GRUPO MUSICAL AS GANHADEIRAS DE ITAPUÃ. VIRADOURENSE DE CORAÇÃO, NASCIDA EM 1946 – ANO DE FUNDAÇÃO DA UNIDOS DO VIRADOURO.)

MARCUS FERREIRA, TARCÍSIO ZANON E IGOR RICARDO (PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E TEXTO); 
HENRIQUE PESSOA (REVISÃO TEXTUAL).  



segunda-feira, 9 de março de 2020

O Pódio de Primeiro lugar.- Silvana Ramos

Estou apaixonada por outra
Ela é toda malhada 
e o nome dela é
MALHADA

Ser vivo de inteira
abnegação, doação
vive para doar 
para idolatrar

Agora entendo 
o motivo de se 
ter um cão, ele 
é isso tudo 

As pessoas construiram
um ser que as idolatra
que as põe em um pódio
de primeiro lugar.


quarta-feira, 4 de março de 2020

Poesia - Prisioneiro em mim - Silvana Ramos

Quando o coração 
bateu mais forte
te enjaulei
nas grades do amor

Para poder 
te ter comigo 
 no pensamento
e na minha ilusão

A coragem foi única
para te encontrar
mas o susto foi tão grande
e as diferenças.....

Também não permitui
a verdadeira corrida 
para amar
e sonhar na realidade

Quando o coração doer
lembra  que eu tentei
mas o destino não quiz
que nossos corpos se unissem.






segunda-feira, 2 de março de 2020

Poesia -Os passos do amor. - Silvana Ramos

O tempo levou o amor
Estacionou na nuvem
do futuro, para quando
passar por você chover eu.


O brilho do sol é o mesmo
não importa a distância
os raios estarão contigo
te queimando o coração

Esquecer não dá
conviver sempre
com o sentimento
que nasceu do passo.