CHINA ANTIGA
INTRODUÇÃO
A China é uma das civilizações mais antigas do mundo, juntamente com o
Egito, a Mesopotâmia, a Pérsia, a Índia e a Grécia. A civilização chinesa tem uma longa
história, cuja principal característica foi, até o século XIX, a permanência de
determinados elementos como o cultivo de cereais, a escrita, a importância da
família ou o culto aos antepassados. Assim como outros povos da antiguidade, os
chineses pensavam que a melhor forma de viver não consistia em modernizar-se,
mas em repetir modelos do passado.
Na China
já foram encontradas evidências de vida datadas de 250.000 anos aproximadamente
e as primeiras referências históricas são muito antigas. Isto tem sido
confirmado pela grande quantidade de restos arqueológicos e vestígios
encontrados nas últimas décadas. Por sua vez, tais restos demonstraram a
presença de antigos
O povoamento do vale do Rio Amarelo (Rio Hoang-Ho) se explica pela
fertilidade do solo, favorável a pratica da agricultura, principalmente o
cultivo do arroz. Durante centenas de anos a enchentes do rio e os ventos
do deserto vinham depositando na terra uma camada de argila amarelada,
conhecida como loess, que deu ao rio
um tom amarelado e o nome. Precedendo que o loess era um eficiente fertilizante
do solo, os chineses fixaram-se nas planícies às margens do rio, onde iniciaram
o cultivo da terra. Para melhor aproveitar os recursos naturais da região, os
chineses construíram canais de irrigação e diques para controlar as cheias.
Essa prática é semelhante à que os egípcios antigos desenvolveram aproveitando
as enchentes do Nilo.
Essas pequenas aldeias agrícolas deram origem a povoados, que mais tarde
se transformaram em pequenos Estados governados por chefes políticos.
Posteriormente, alguns desses pequenos Estados foram dominados por outros,
fazendo surgir reis poderosos e respeitados. O poder passou a ser transmitido
de pai para filho (poder hereditário), dando origem ao que chamamos de
dinastias.
O PRIMEIRO IMPERADOR
CHINÊS
Assim surgiu a primeira dinastia conhecida,
denominada Shang (séculos XVIII-XII a.C.). Porém, o norte da China estava
dominado pelos bárbaros e oSul tinha ficado bem dividido em diversas regiões.
Um general do exército Qin Shi Huang Di, primeiro imperador chinês (247 até 221
a.C.), conseguiu iniciar o processo de reunificação do país, depois de muitas
lutas sangrentas e conflitos políticos da época. Nos anos que se seguiram, seus
filhos continuaram a reunificar o que, hoje, conhecemos como China.
Embora de curta
duração, a dinastia Qin foi de vital importância para a China, pois lançou as
bases de um império que haveria de se manter durante mais de dois milênios. O
império consistia em um território unificado sob controle religioso e político
de um soberano. A política defensiva e centralizadora dos Qin possibilitou a
construção de estradas, pontes, ....
Houve uma reformulação na arrecadação de impostos, no recolhimento de reservas
em grãos para as épocas de carestia, crise ou guerra, e o estímulo ao comércio
externo. Grandes obras de irrigação, barragens e fortificação de cidades foi
empreendida, ao custo de milhares de escravos, servos e camponeses livres
convocados para o trabalho compulsório. A Grande Muralha é um dos grandes
projetos de Qin Shi Huang Di: construída pela união de várias outras pequenas
muralhas locais, seu objetivo era regular a presença dos nômades do Norte nas
fronteiras chinesas.
Qin Shi Huang Di ainda fez mais pelo império chinês: unificou pesos,
medidas e moedas para facilitar o trânsito de mercadorias. Promoveu também a
uniformização dos ideogramas, criando a primeira gramática-dicionário da língua
chinesa, de caráter universal. Esta síntese permitiu que, nos séculos
posteriores, várias outras nações pudessem falar e escrever chinês, sendo a
base, ainda, dos ideogramas modernos.
Em meio a tantas medidas positivas, a dinastia Qin também foi marcada
pela violência: perseguições aos sábios que discordavam do regime, queima de
livros, supressão de práticas religiosas, culto à imagem do Imperador, exaustão
das classes baixas pela exploração do trabalho.... Enfim, a unificação do
Império teve um alto custo social,
O reinado de Qin Shi Huang Di foi marcante, porém de curta duração: em
210 a.C. ele morre, provavelmente envenenado pelos elixires que tomava para
obter a imortalidade. Depositado em seu fabuloso mausoléu, descoberto em 1974,
foi guarnecido por mais de oito mil soldados e cavalos, em tamanho natural,
planejados para defendê-lo em outro mundo.
Seguiram-se outras dinastias até a dominação
mongol em 1279. A dinastia Ming seguiu-se ao domínio mongol, de 1368 a 1644.
Nesse período, a China incorporou a Manchúria, Indochina e Mongólia e fechou-se
para o mundo exterior. Em 1644, governantes da Manchúria estabeleceram a
dinastia Qing, que durou até 1911.
O CULTIVO DO ARROZ
Desde a Antiguidade, o arroz
sempre foi o principal cultivo do Sudeste Asiático. A população, assentada à
beira do rio Amarelo, teve de se adaptar às inundações periódicas que recobriam
os campos. Os camponeses criaram um sistema de canalizações e terraços para
cultivar o arroz. Trabalhavam com métodos primitivos, arando com a ajuda de
bois e utensílios manuais. O transplante e a colheita eram feitos totalmente à
mão.
A ROTA DA SEDA
A Rota da Seda foi criada, pois a seda chinesa foi um dos materiais
mais apreciados e comprados no mundo todo.Antes
que tal nome fosse escolhido, esse trajeto, com mais de sete mil quilômetros,
já era há mais de dez mil anos utilizado por aventureiros, peregrinos
comerciantes, religiosos, monarcas e soldados que cortavam esse extenso
conjunto de estrada a pé ou no lombo de animais, unindo a porção síria do mar
Mediterrâneo aos territórios chineses de Xiang.
O comércio da seda foi uma das atividades mais lucrativas para os
chineses. Para se ter uma ideia, no século I d.C., o Império Romano tornou-se
um dos maiores consumidores do produto. A seda era transportada geralmente por
terra, e o caminho mais conhecido era aquele que atravessava o Deserto de Góbi,
as terras dos atuais Cazaquistão e Turquia, até chegar a Roma.
Na verdade, o correto é chama-las de Rotas da Seda: eram uma série de rotas interconectadas
através do sul da Ásia e eram usadas no comércio, principalmente, da seda entre o Oriente e a Europa. Por tais rotas passavam as caravanas e
embarcações oceânicas, que faziam a ligação do Oriente e a Europa. No início, a
rota ligava a cidade de Chang'an na China até Antioquia na Ásia menor, porém
sua influência foi aumentando chegando até a Coreia e o Japão, formando assim a
maior rede comercial do Mundo Antigo. Os comerciantes que saíam do Oeste
levavam marfim africano, ouro, peles de animais, vinho e animais de montaria.
Em contrapartida, os distantes territórios chineses ofereciam ervas aromáticas,
perfumes e os tão falados tecidos de seda que nomeavam o caminho.
Essas rotas não foram
importantes somente para o crescimento e desenvolvimento de regiões e de grandes
civilizações como o Egito Antigo, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia a Índia
e Roma. Elas foram importantíssimas para o mundo moderno. Isso por que a Rota da Seda também serviu para que um intercâmbio
cultural fosse estabelecido entre as culturas do Ocidente e do Oriente, fazendo
com ambas tivessem algum tipo de ganho com isto. No entanto, a transferência de
tecnologia feita pelo Oriente para o Ocidente é, sem sombra de dúvidas uma das
coisas mais importantes que a Rota da Seda conseguiu promover, já que por meio
dela, pólvora, astrolábio, compasso e outros conhecimentos e inventos foram
levados até à Europa.
A SEDA
A
descoberta da seda pelo homem é repleta de lendas. Para Confúcio (551-479
a.C.), a honra coube à imperatriz Hsi-Ling-Shi, em 2640 a.C. Enquanto saboreava
o chá da tarde, um casulo do bicho-da-seda teria caído na bebida fervente; a imperatriz
percebeu que, amolecido, o casulo poderia ser desenrolado, formando um fio. A
lenda é tão fantasiosa que pode até ser verdadeira.
Enfim, no passado remoto, os chineses aprenderam a fabricar a
seda a partir da fibra branca dos casulos dos bichos da
seda. Só os chineses sabiam como fabricá-las e mantinham
esse segredo muito bem guardado. Assim, ciente do valor comercial do tecido que pode
ser usado em dias quentes ou frios, o governo chinês proibiu a exportação de
ovos de mariposas e sementes de amoreiras, condenando à morte os traficantes. Quando
eles, os chineses, começaram a fazer contato com cidades ocidentais,
encontraram pessoas muito dispostas a pagar muito caro por esse produto.
ESCRITA E IDIOMAS
A escrita chinesa é baseada em ideogramas
(desenhos), sendo que eles representam ideias, objetos, sentimentos, etc. Essa
escrita conta com mais de dez mil caracteres, porém, dos quais, mais de 3 mil
são mais usados que se formam palavras e frases bem diversificadas.Atualmente, o mandarim é o dialeto mais falado na China,
porém, existem outros como, por exemplo, wu, cantonês, dialetos min, jin,
xiang, kejia, gan, entre outros.
RELIGIÃO
CONFUCIONISMO - Confúcio baseava seu pensamento nas relações
sociais, através de uma moralidade pessoal e governamental, como um resgate de
valores antigos perdidos pelos homens. Essas normas de conduta favoreciam as
relações familiares, o respeito aos ancestrais e aos idosos, o cuidado às
crianças, dentre outros. É atribuída ao filósofo a frase “não faça aos outros o que não quer que façam a você
mesmo”. Morreu aos 72 anos em sua terra natal. Confúcio não acreditava na
definição de um papel social, e sim que cada pessoa deveria cumprir seus
deveres de forma correta, sob qualquer circunstância. No Confucionismo não existe um deus
criador do mundo, nem uma igreja organizada ou sacerdotes. O alicerce místico
de sua doutrina é a busca do Tao, conceito herdado de pensadores religiosos
anteriores a Confúcio. O tao é a fonte de toda a vida, a harmonia do mundo. No
confucionismo, a base da felicidade dos seres humanos é a família e uma
sociedade harmônica. A família e a sociedade devem ser regidas pelos mesmos
princípios: os governantes precisam ter amor e autoridade como os pais; os
súditos devem cultivar a reverência, a humildade e a obediência de filhos.
TAOÍSMO - a maior
religião popular da China foi o taoísmo. Suas teorias foram
criadas pelo pensador Lao-Tsé. Segundo Lao-tsé, o Tao seria criador do mundo e
responsável pela ordem de todas as coisas e de todas as pessoas. O taoísmo
ganhou muitos adeptos entre as camadas populares ao pregar que todos os que
levassem uma vida muito miserável e sofrida na Terra poderiam alcançar uma vida
melhor pós a morte, pela fé e pela purificação.
Segundo
Lao-tsé, toda a natureza é regida pelo equilíbrio das energias yin (energia
negativa e feminina) e yang (energia positiva e masculina), os opostos que se
complementam. E o corpo humano é parte desse conjunto. A oposição entre as
energias yin e yang pode explicar fenômenos que ocorrem em nosso corpo: se em
harmonia, essas energias promovem a saúde; se em desequilíbrio, a doença.
BUDISMO - Budismo é uma das
mais antigas e maiores religiões do mundo. Nasceu de ensinamentos dados há
aproximadamente 2.500 anos atrás por Gautama Buda, "O Despertado" ao
norte da Índia. Um dos fundamentos principais do Budismo foi definido pelo Buda
como as Quatro Verdades Nobres. Isto é, a vida é sofrimento. O sofrimento é
causado por afeições e aversões, embora haja uma maneira de escaparmos deste
sofrimento. O fim do sofrimento é a Iluminação que pode ser alcançada através
da prática do Budismo. As práticas de meditação e consciência plena são
utilizadas para o alcance da Iluminação (Nirvana) com extrema rapidez. O
praticante usa todos os aspectos de sua vida diária como instrumentos para
progredir no caminho da Iluminação. O Nirvana é um estado onde o ciclo de
nascimento e morte é quebrado, por onde se obtém completa compreensão da vida.
RELIGIÕES POPULARES - eram festivas e reuniam muitos seguidores. As famílias cultuavam os
deuses nas festas anuais e nas oferendas aos antepassados. Acreditavam que os
espíritos dos antepassados protegiam o lar e, por isso, reservavam um dos
aposentos da casa para lhes servir de moradia. Em certas datas do ano, como
aniversário ou morte do antepassado, os familiares o homenageavam.Curiosidade: o dragão chinês é uma criatura mitológica das
mais importantes da mitologia chinesa. É considerada a mais poderosa e divina
criatura e acredita-se que seja o regulador de todas as águas. O dragão simbolizava grande poder e era apoio de heróis e deuses.
Na mitologia chinesa, acredita-se que os dragões possam criar nuvens com sua
respiração. O povo chinês usa
muitas vezes a expressão "descendentes do dragão" como um símbolo de
sua identidade étnica.
ARTE
A arte chinesa é marcada bela beleza dos
vasos em cerâmica pintados, artesanalmente, com motivos culturais da China. A
arte em seda também é outro aspecto importante. Os pintores chineses destacam,
em suas telas, as belezas naturais da China (paisagens, animais) e aspectos
mitológicos.
O DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO
Os estudiosos chineses, que
dominavam tecnologias avançadas para a época, desenvolveram vários instrumentos
que ainda hoje são muito úteis, como a bússola magnética, o sismógrafo (que
mede a intensidade dos tremores de terra) e o compasso. Já no século II d.C.,
Zhang Heng construiu um globo celeste. Em 1088 Han Gonglian projetou o primeiro
relógio astronômico movido a água do mundo. Os chineses também deram uma grande
contribuição para os estudos de astronomia e aritmética.
Portanto, os chineses contribuíram muito para o
desenvolvimento do conhecimento no mundo todo. Já no século II, haviam inventado o papel;
no século VI, a imprensa e a porcelana – que em inglês se chama 'china'. Outros
inventos foram o jogo de xadrez, os
papagaios ou pipas de empinar, a porcelana, os fogos de artifício, o
guarda-chuva, o papel, a imprensa, produtos e técnicas medicinais como a
acupuntura.
A SOCIEDADE
A sociedade chinesa era muito tradicional e
cerimoniosa. Acima de todos os elementos ficava o imperador, adorado como
'filho do céu'. Vinha em seguida um corpo de funcionários, os mandarins,
considerados o orgulho do império. Esse grupo foi criado no século II a.C.,
desbancando a nobreza feudal, e desempenhou um importante papel na vida
institucional e cultural do país. Abaixo deles vinha o resto da sociedade:
camponeses, comerciantes e artesãos. Na sociedade chinesa não havia escravos.
Os imperadores tinham a função de manter o
equilíbrio e a harmonia entre os dois mundos: o natural (dos vivos) e o
sobrenatural (dos mortos). Acumulavam funções administrativas, religiosas e
sociais.Julgar a capacidade do imperador era responsabilidade do Céu e nem
sempre ela estava relacionada com as tarefas cumpridas na Terra. E como
saber se o imperador estava agradando ao Céu?A sociedade chinesa acreditava que
os deuses se manifestavam na natureza e na vida social. Revoltas populares,
perturbações naturais (catástrofes, secas, inundações), invasões de povos
estrangeiros eram sinais divinos de que o imperador deveria ser substituído por
outro a qualquer momento. Trabalhando para o imperador estavam diversos funcionários,
principalmente os mandarins: funcionários
que controlavam a administração do estado, organizando o calendário das
atividades reais, a construção de estradas, diques, barragens e obras públicas,
e zelando pela justiça e segurança da sociedade. Os mandarins eram muito
importantes, pois praticamente administravam o Estado. Por isso, desde cedo os
meninos da nobreza eram preparados para exercer essa função.
A produção agrícola estava nas mãos de grandes e
médios proprietários de terras. Existiam também grupos de camponeses que
arrendavam, com suas famílias, as terras do governo, onde criavam animais e
plantavam. Essas pessoas trabalhavam arduamente: além de sustentarem a família,
tinham de pagar altos tributos pelo arrendamento das terras.
A FAMÍLIA
E ASPECTOS CULTURAIS DA CHINA
Para a maioria dos chineses, e durante a maior
parte da história da China, a família era o centro da vida social, e a devoção
a ela era considerada uma grande virtude. Os pais sentiam-se responsáveis pela
transmissão dos ensinamentos que vinham dos antepassados para seus filhos, como
preservar a propriedade familiar.
As famílias chinesas eram muito numerosas.
Geralmente os parentes viviam na mesma casa (pai, mãe, filhos, avós, netos,
tios), reunindo muitas vezes três ou quatro gerações.
Para uma mulher casada, a maior virtude era a
fidelidade, e isso também valia caso ela enviuvasse. Entretanto não era ilegal
que uma mulher se casasse depois da morte do marido, o que de fato era até
comum, por causa das dificuldades econômicas. No entanto, isso era visto como
uma prática moral inferior. De acordo com a crença popular, a mulher que
casasse em segundas núpcias seria considerada, depois de morta, um fantasma na
família dos maridos.
Na
China, os meninos recebiam tratamento diferenciado, uma vez que eram considerados
os futuros chefes das famílias. Quando completavam 20 anos de idade, tinham
seus cabelos cuidadosamente presos no alto da cabeça e protegidos por um gorro.
Os casamentos eram normalmente arranjados entre famílias e, depois de casada, a
mulher mudava-se para a casa do marido.
Um homem, o patriarca (o de mais
idade), tem a última palavra de autoridade nos assuntos da família. Havia
famílias em que três, quatro ou até cinco gerações viviam sob um mesmo teto.
Os imperadores chineses costumavam casar suas filhas
com membros das famílias reais dos povos vizinhos e, assim, protegiam suas
fronteiras.Os meninos e meninas podiam frequentar as escolas. A sociedade
chinesa sempre deu muita importância para a educação. Mesmo as crianças mais
pobres recebiam instrução, muitas vezes da própria família.
A educação das meninas tinha o objetivo de
prepará-las para as tarefas do lar, como bordar e costurar. Para os meninos, o
objetivo central era prepará-los para concorrer ao cargo de funcionário real,
que era escolhido pelo próprio imperador. Se fossem escolhidos, os rapazes
teriam uma situação privilegiada dentro do Estado.
FONTES DE PESQUISA
http://www.infoescola.com
https://pt.wikipedia.org
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